É impressionante que quando muita gente segue a mesma religião, novas crenças tendem não ser bem aceitas. A maior parte dos brasileiros é cristã, portanto quando uma pessoa diz que Jesus não é importante ou que Maomé é o verdadeiro deus a coisa tende a partir para um lado menos saudável.
Este tipo de animosidade, mas em uma escala estratosfericamente maior, está acontecendo na Índia. No estado de Orissa a conversão de hindus para o cristianismo não está sendo bem vista pelos habitantes locais, que iniciaram uma onda de violência vitimando 37 pessoas.
Que o diga a irmã Meena, que acusa cerca de 40 homens de terem a estuprado. Ela afirmou em entrevista a uma rede de televisão que a polícia local não só falhou em protegê-la dos criminosos, como é simpática aos agressores. Seu caso se tornou um símbolo da violência religiosa que tomou conta de três estados indianos, atraindo a atenção de diversas ONGs e do papa Bento XVI.
Meena resolveu falar com a TV dois dias depois de seu pedido de ajuda à polícia federal ser recusado pela Suprema Corte. Enquanto isso nove pessoas foram presas e estão prontas a serem identificadas pela freira, que não quer realizar o procedimento por não acreditar mais na boa vontade da polícia local, que já suspendeu um oficial por não proceder corretamente com o caso.
A desconfiança dela não é à toa, afinal depois de ser estuprada ela foi a um mercado próximo, tentou chamar a atenção da polícia e eles “nem se moveram”, depois os policiais tentaram impedi-la de escrever uma reclamação perguntando se ela sabia “quais seriam as conseqüências” disso. A polícia do estado de Orissa também é acusada pelo governo central de ignorar um relatório médico que confirmaria o estupro.
Os hindus defendem-se dizendo que toda esta violência é resultado do assassinato de um de seus missionários que se colocava contra a expansão cristã. Terça passada centenas de mulheres da Rashtriya Sevika Samiti protestaram na capital de Orissa pedindo a prisão da freira por mentir sobre o assunto.
O protesto das hindus seria mais crível se dezenas de milhares de pessoas de outras religiões não estivessem em abrigos do governo por causa da violência religiosa na região. Cerca de 12 mil, quase todos cristãos estão em campos apenas no distrito de Kandhamal, onde ocorreu o estupro.
Em seu depoimento Meena afirma que primeiro foi rendida por um homem armado, que ameaçava queimar ou decapitar a freira. Depois ela foi levada a um prédio abandonado nas proximidades onde suas vestimentas foram arrancadas e ela foi jogada no chão. Dois homens pisaram em suas mãos e um terceiro a estuprou. A freira afirma que mais de 40 homens participaram do estupro.
Este é mais um sinal de quão primitivos os seres humanos podem ser e de como a religião pode ser um catalisador também para coisas terríveis, rebaixando outros indivíduos apenas pelas suas crenças. Espero que este tipo de barbárie seja muito pouco vista aqui no Brasil, afinal seria ingênuo da minha parte pensar que aqui não temos intolerância religiosa.
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